domingo, 4 de outubro de 2015

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA – PIGMENTOS HIDROSSOLÚVEIS E LIPOSSOLÚVEIS EM TECIDOS VEGETAIS

INTRODUÇÃO

Além das clorofilas e dos carotenóides que são pigmentos lipossolúveis, as plantas contém outros pigmentos como os flavonóides, que constituem uma série de compostos relacionados, solúveis em água, tendo com estrutura básica um esqueleto C15 de flavona. Os flavonóides ocorrem universalmente nas plantas superiores, mas são incomuns entre as criptógamas. Encontram-se dissolvidos em água, no suco celular (no interior do vacúolo) tanto de folhas como de fruto e de raízes, mas se acumulam especialmente nas flores, conferindo-lhes as cores características. Desses pigmentos, os mais conhecidos são as antocianinas, cada qual com uma cor distinta, que varia conforme o pH, do azul ao vermelho, embora algumas sejam incolores. Além de sua importância como atrativo para insetos polinizadores, parecem ter a função de inibidores de bactérias e têm sido utilizadas como marcadores por taxonomistas, na classificação de plantas.
As antocianinas ocorrem na forma de glicosídeos, ligados comumente a uma ou duas unidades de glicose ou de galactose. A parte molecular sem o açúcar ainda mantém a coloração e é denominada antocianidina. O acúmulo de antocianinas em caules, folhas ou frutos é estimulado por altos níveis de luz, por deficiência de certos nutrientes (nitrogênio, fósforo, enxofre e outros) e por temperaturas baixas.

OBJETIVOS

Observar a separação de pigmentos lipossolúveis e hidrossolúveis, por meio de sua partição em solventes não miscíveis. Acompanhar as variações das propriedades de alguns destes pigmentos, em função das variações do pH do meio ou de sua hidrólise parcial.

MATERIAIS

Folhas verdes e variegadas de qualquer espécie ou de Tradescantia sp;     Almofariz (gral); Tubos de ensaio; Acetona;   Proveta de 100 mL;  Béquer de 100 mL; Algodão; Funil de vidro;  Papel de filtro; Funil separador; Pipetas ou seringas de 5 ou 10 mL;  NaOH 0,1 N;  HCl 0,1 N;  KOH 3 N.

MÉTODOS

1-      Macere 10 a 15 folhas variegadas e verdes em 40 mL de acetona;
2-      Filtre o homogenado em um disco de papel filtro;
3-      Tome 20 mL do filtrado num funil separador e adicione inicialmente 20 mL de éter etílico e depois 20 mL de água destilada, girando sempre o funil; observe o que acontece;
4-      Transfira 5 mL da camada inferior para um tubo de ensaio e acrescente 5 mL de água destilada;
5-       Faça o mesmo com a camada superior, observando as diferenças.
6-      Acrescente à mistura proveniente da camada inferior algumas gotas de NaOH    0,1 N e anote o resultado. Em seguida adicione a mesma quantidade de HCl 0,1 N e observe o que acontece.
7-      À mistura proveniente da camada superior acrescente algumas gotas de KOH 3N e observe o que ocorre.
8-      Explique os resultados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
 




  


Pode-se observar:
·         Quando o éter etílico foi adicionado à solução se separou em duas fases uma verde (devido à presença de clorofila) e uma rosa (devido à presença de xantofila que é um tipo de carotenoide); sendo que a parte com presença de clorofila é maior.
·         Quando foi acrescentada a água destilada a parte rosa ficou maior, sendo que depois passou para um tom meio arroxeado.
·         Em pH básico a antocianina ficou num tom de verde; comprovando assim  que realmente houve a mudança de pH.
·         Quando se acrescentou a solução ácida à mistura voltou para a tonalidade rosa.

CONCLUSÃO

 No experimente os pigmentos são divididos em lipossolúveis e hidrossolúveis. sendo que  a xantofila é  a hidrossolúvel   por apresentar alterações na tonalidade quando em contato com diferentes  níveis de pH. A clorofila por não apresentar mudanças de tonalidade independente do pH é considerada lipossolúvel.

QUESTÕES

1-      Represente esquematicamente a partição dos pigmentos lipo e hidrossolúveis nas fases da mistura de solventes.



2-      Onde se localizam nas células, os pigmentos lipossolúveis das plantas verdes? Quais são estes pigmentos?
Os pigmentos são localizados nos cloroplastos, sendo eles clorofilas e carotenóides.

3-      Quais são os pigmentos hidrossolúveis e em que partes da célula eles se encontram?
Os pigmentos hidrossolúveis são os flavonoides que são localizados no interior do vacúolo das células. Entre esse pigmentos se destaca a antocianina.

4-      Faça o esquema de uma célula vegetal, indicando os seus principais constituintes.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC4ALe17kDMMR32dTw9z_54pjWBHi-Dq1mXV-WqgFc6pJjHHN4N2Q03zNIDRQbpTcENPYZNx6CpBLFxzJF7WX-kM9t64eA5Ue0BDY2U8kibp2XDKxQEsdVKCUbH8bYn1bzkh2MdnBXcD3X/s400/5.png

5-      Por que podemos afirmar, com certeza, que as antocianinas não participam da fotossíntese?
Porque as antocianinas são pigmentos acessórios somente absorvem luz, mas em comprimentos de onda diferentes daqueles absorvidos pelas clorofilas (pigmento fotossintetizante) e, portanto, são apenas receptores suplementares de luz.

6- Por que certos frutos ficam mais vermelhos quando expostos à luz solar?
Pois em seu interior estão presentes flavonóide que são pigmentos fotossintéticos, que ficam em estado de excitação quando expostos na luz solar, deixando-os com um aspecto mais avermelhado.

7- Se você fizesse um extrato de pétalas de uma flor vermelha, que tipo de pigmento seria encontrado ao fazer sua separação por partição em solventes? O que aconteceria se você alterasse o pH da solução?
 Seriam encontrados flavonoides, como por exemplo, as antocianinas. Quando há alteração no pH  ocorre a mudança da coloração  do extrato.

                                                          
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Roteiro adaptado de:
MAESTRI  et al.  Fisiologia Vegetal (exercícios práticos), Viçosa. Editora UFV, 1998.

FREITAS, H.M.B. Manual de Atividades Práticas de Fisiologia Vegetal, Salvador: Edufba, 2006.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA – FATORES QUE AFETAM A FOTOSSÍNTESE EM Elodea canadensis

INTRODUÇÃO

     Muitas informações acerca da influência de fatores como luz, CO2 e temperatura sobre fotossíntese podem ser obtidas com facilidade, contando-se o número de bolhas produzidas pela planta aquática Elodea canadensis, submetidas a várias condições do meio.
         Algumas experiências serão feitas, usando-se um pequeno ramo de Elodea submerso em água (frequentemente uma solução de NaHCO3 ), com o ápice para baixo, dentro de um tubo de ensaio ou proveta; deve-se escolher, de preferência, a ponta de um ramo novo. As bolhas a serem contadas sairão do caule pela parte seccionada. Deve-se compreender que, em experimentos dessa natureza, os resultados nem sempre são perfeitos, pois o número de bolhas pode variar durante a experiência, em função de fatores tão diversos como tamanho do ramo, alterações mecânicas na região cortada e variações na solubilidade do oxigênio provocadas por mudanças de temperatura etc. De qualquer modo, o “método das bolhas” é utilíssimo nas aulas práticas, em virtude de sua extrema simplicidade.

OBJETIVOS

         Verificar o efeito do fator luz sobre a fotossíntese. Comprovar a utilização de gás carbônico na fotossíntese.

MATERIAIS

         Provetas de 100 mL; Lâmpadas fluorescentes; Cronômetro; Lâmina de barbear ou bisturi; Pinça de ponta fina; Solução de bicarbonato de sódio (NaHCO3) a 1%; Solução indicadora de Fenolftaleína; Ramo de Elodea canadensis.

MÉTODOS

1- Efeito da intensidade de luz

1° - Tome um ramo de Elodea, coloque-o no interior de uma proveta e acrescente solução de bicarbonato de sódio a 1%, de modo que esta ultrapasse o ramo em 5 cm, aproximadamente; 2°- Aproxime a proveta de uma lâmpada, de modo a obter uma irradiância de 30 µmol m-2 s-1.
Espere 5 minutos até a estabilização da nova condição e faça a mesma contagem de bolhas por 3 minutos;
3°- Em seguida, aproxime a proveta da lâmpada de modo a obter uma irradiância de 170 µmol m-2 s-1 e proceda como no item anterior;
4°- Repita o procedimento, agora sob uma irradiância de 750 µmol m-2 s-1.
2 – Fator CO2

1°- Enumere 3 provetas e encha-as com uma solução de NaHCO3 0,1%;
2°-Coloque um ramo de Elodea nas provetas 1 e 2. Envolva a proveta 2 com papel alumínio;
3°- Mantenha todas as provetas a distância de uma fonte de luz, de modo a receberem uma irradiância de 170 µmol m-2 s-1.
4°- Após um período de aproximadamente 2 horas, adicione 2 a 3 gotas de fenolftaleína em cada proveta e observe se há alguma diferença na intensidade de coloração entre elas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO



           Pode-se observar que em pH ácido o índice de CO2 tende a aumentar enquanto em pH alcalino tende a diminuir. Sendo durante o processo de fotossíntese ocorre a remoção de CO2 e durante o processo de respiração adiciona-se CO2.
         Na primeira proveta foi observado os processos de fotossíntese e de respiração. Ocorrendo assim a remoção de CO2, que foi evidenciada pela coloração avermelhada e pelo meio que ficou mais ácido.
        Na segunda proveta ocorreu somente o processo de respiração, causando o adicionamento de CO2, que foi evidenciado pela coloração que permaneceu incolor e pelo meio que mais ácido. A terceira proveta foi realizada para controle, a coloração ficou avermelhada e houve alteração no pH.

CONCLUSÃO

          Pode concluir que quanto maior a irradiância, maior será a quantidade de bolhas. Com a proveta a 60 cm de distância da lâmpada se obteve sete bolhas. Com a proveta a 40 cm de distância da lâmpada se obteve 12 bolhas. Com a proveta a 10 cm de distância da lâmpada se obteve 22 bolhas.

QUESTÕES

1- Por que o aumento da intensidade luminosa faz também aumentar a fotossíntese em Elodea?

       Pois conforme vai aumentando a intensidade luminosa, maior será a energia disponível, que é necessária para a realização da fotossíntese. Porque quanto menor o comprimento de onda e maior a frequência incidente na planta.

2- Por que as água contendo plantas aquáticas são, em geral, mais ácidas à noite do que durante o dia?

        Pois durante a noite não há incidência de luz, fazendo com que as plantas não possam realizar o processo de fotossíntese que remove o CO2 e deixa o pH mais alcalino. Ocorrendo somente o processo de respiração que requer oxigênio, mas adiciona-se que deixa o pH da água deixando-o mais ácido.

3- Nesses experimentos com Elodea, você está determinando a taxa de fotossíntese real (total) ou aparente (líquida)? Explique.

     A taxa de fotossíntese real (total). Para a realização desse experimento foi usado todos os componentes necessário para a fotossíntese completa que são a luz, o CO2 e a clorofila.

4- Que gás forma as bolhas que se desprendem do ramo de Elodea iluminado? Que evidências indiretas você obteve como suporte para sua afirmativa?

      O gás oxigênio. Pois no processo de fotossíntese ocorre a hidrólise da água, que libera o gás oxigênio na atmosfera. E dentro da água essa liberação causa a produção de bolhas.

5- Explique a mudança de coloração da água contendo Elodea em presença de fenolftaleína.  

       A Elodea estava realizando uma elevada taxa de fotossíntese devido a alta disponibilidade de luz, havendo assim de CO2 que causa uma estabilidade do pH deixando-o básico e posteriormente resultando na cor violeta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

      Roteiro adaptado de:

       MAESTRI et al. Fisiologia Vegetal (exercícios práticos), Viçosa. Editora UFV, 1998. FREITAS, H.M.B. Manual de Atividades Práticas de Fisiologia Vegetal, Salvador: Edufba, 2006.


RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA - SEPARAÇÃO DE PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS PELA TÉCNICA DA CROMATOGRAFIA DE PAPEL

INTRODUÇÃO

     Os pigmentos dos cloroplastos localizam-se nos tilacóides, associados às membranas lipoprotéicas. Suas principais funções são a absorção da energia radiante e a transferência dessa energia a uma série de compostos oxirredutíveis, os quais permitem a formação de O2, ATP e NADPH + H+. O pigmento que participa diretamente da transferência de elétrons é apenas a clorofila a, enquanto a clorofila b e os carotenóides têm uma atuação indireta, transferindo a energia luminosa à clorofila a.
      Cada tipo de pigmento tem uma estrutura química definida com um padrão característico de duplas ligações conjugadas que determina a absorção seletiva de certos comprimentos de onda, fazendo com que cada pigmento apresente coloração específica. Assim a clorofila a é verde-azulada, a clorofila b é verde-amarelada, as xantofilas são amarelas e os carotenos são alaranjados. Além das cores esses pigmentos apresentam diferentes afinidades pelos diversos solventes orgânicos e pela água, em função da proporção dos radicais hidrofílicos ou hidrofóbicos que cada um deles possui.
         Uma técnica extremamente simples que permite a separação destes pigmentos é a cromatografia de papel e se baseia na partição líquido-líquido dos compostos, quando tiras de papel filtro servem como suporte de uma fase aquosa e uma fase móvel orgânica se dirige para o ápice ou extremidade da cromatografia.

OBJETIVOS

        Separar e identificar os pigmentos fotossintéticos pela técnica da cromatografia de papel.

MATERIAIS

      Folhas verdes de qualquer espécie e variegadas de cóleos ou de Tradescantia sp; Lâmina de barbear ou bisturi; Almofariz (gral); Acetona e algodão hidrófilo; Papel de filtro; Placa de Petri; Funil de vidro, tubos de ensaio e suporte; Fonte de luz ; NaOH 0,1 N; HCl 0,1 N.

MÉTODOS

Parte 1 – Observação do fenômeno da Fluorescência

1. Corte 5-10 folhas verdes e variegadas em pedaços pequenos num almofariz;
2. Coloque um pouco de acetona e macere;
3. Filtre o homogenado em algodão e papel de filtro e receba o filtrado em um tubo de ensaio;
4. Observe a coloração do extrato sob a ação da luz direta e refletida;

Parte 2 – Cromatografia em papel

1. Marque o centro de um disco de papel de filtro com um ponto a lápis (não use tinta e nem dobre o papel).
2. Com uma pipeta ou conta-gotas, coloque uma gota do extrato. Deixe a gota secar um pouco e coloque outra gota. Continue gotejando (5-7gotas), sempre sobre o mesmo ponto, até que surjam vários círculos coloridos no disco;
4. Se surgirem discos azulados ou avermelhados no disco coloque uma gota de solução ácida (HCl) ou básica (NaOH) sobre os mesmos. Observe o que acontece.

RESULTADOS E DISCUSSÃO


CONCLUSÃO

Conclui-se que a luz excita os elétrons, fazendo com que a luz azul passe de S1 para S2 emitindo assim fluorescência. Quando o estrato foi colocado sob a ação da luz direta e refletida ocorreu à emissão de fluorescência da cor verde. E quando foi realizada a cromatografia em papel foi observada a separação dos pigmentos.

QUESTÕES

1. Identifique os pigmentos presentes no extrato, caracterizando-os quanto a faixas de absorção de luz, solubilidade e localização celular.

  • Clorofilas: Esta molécula é insolúvel em água, mas solúvel em compostos orgânicos como o éter, o benzeno e a acetona devido às propriedades apolares do fitol. Elas dão coloração verde às plantas e quando dissolvidas também formam soluções com coloração verde intensa. Embora absorvam radiação em todos os comprimentos de onda do espectro do visível, têm alguns picos de absorção nas regiões do azul-violeta (400 nm) e do vermelho (600 nm), o que faz com que surjam com coloração verde, uma vez que é a cor que refletem.
  • Carotenóides: Apresentam colorações que vão desde o amarelo ao castanho, passando pelo laranja e pelo vermelho. A sua cor só é visível durante o Outono, pois no resto do ano estão mascarados pelas clorofilas. Os carotenóides estão presentes nos cloroplastos sob a forma de complexos proteicos insolúveis em água. As suas funções fundamentais são a absorção da energia luminosa e proteção das clorofilas contra os fenómenos de fotoxidação. Estes pigmentos surgem com tonalidades vermelhas e avermelhadas, pois absorvem nas regiões do azul e do verde.

2. Caracterize a partição dos mesmos no processo fotossintético.

      Apenas a clorofila a que participa diretamente da transferência de elétrons. Já a clorofila b e os carotenóides, atuam de forma indireta transferindo a energia luminosa à clorofila a.

3. Como explicar o comportamento da clorofila quando exposta à luz direta e refletida? 

       A clorofila é o pigmento que confere a cor verde às folhas, e absorve principalmente a luz nos comprimentos de onda violeta e azul bem como no vermelho: devido ao fato de ela refletir a luz verde, a clorofila se apresenta verde. Quando a clorofila é exposta à luz direta sobre fluorescência. pois suas moléculas absorvem a energia da luz, elevando portanto, momentaneamente, os elétrons para níveis mais altos de energia , depois os elétrons retornam outra vez para um nível mais baixo. A maior parte desta energia é liberada como luz. A energia absorvida pelas moléculas de clorofila isoladas não pode ser convertida em qualquer forma de energia útil para os sistemas vivos. A clorofila pode converter energia luminosa em energia química apenas quando as moléculas de clorofila estão associadas a certas proteínas embebidas nas membranas especializadas dos tilacóides.

4. Caso tenham surgido os círculos azulados ou avermelhados, identifique os pigmentos responsáveis pelos mesmos e explique o comportamento dos mesmos em presença do ácido ou de uma base.

       Não houve o surgimento de círculos azulados ou avermelhados no disco de papel de filtro quando acrescentado solução ácida ou básica. Ocorreu apenas a separação dos pigmentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

         Roteiro adaptado de:
MAESTRI et al. Fisiologia Vegetal (exercícios práticos), Viçosa. Editora UFV, 1998. FREITAS, H.M.B. Manual de Atividades Práticas de Fisiologia Vegetal, Salvador: Edufba, 2006.

sábado, 26 de setembro de 2015

DESCRIÇÃO DENDROLÓGICA - Xylopia aromática (Lam.) Mart.



FAMÍLIA:
Annonaceae
NOME CIENTÍFICO:
Xylopia aromática (Lam.) Mart.
NOMES POPULARES:
Pimenta-de-macaco, pimenta-de-negro, pachinhos, esfola-bainha.
  •         CARACTERÍSTICAS DENDROLÓGICAS:

            Hábito arbóreo com altura de 4-6 m, com tronco de 15-25 cm de diâmetro, revestido por casca com ritidoma sub-escamoso. As suas folhas são alternas, dísticas, simples, lanceoladas, tomentosas em ambas as faces, com nervuras primárias impressas na face adaxial. Flores brancas, bissexuais, monoclinas, sépalas conatas na base, botões estreitamente piramidais inflorescência cimosa fascilculada. Frutos apocárpicos, foliculares, deiscentes e aromáticos. Planta semidecídua, heliófita, pioneira e seletiva xerófita. Apesar de sua característica pioneira é bastante lenta no crescimento. Sua frutificação é irregular, ocorrendo a cada 2-3 anos. Fitofisionomia ou Habitat de mata ciliar, mata seca, cerradão, cerrado (stricto sensu), vereda, savanas amazônicas.
  •   UTILIDADES DA PLANTA

            A madeira pode ser empregada apenas para forros e confecção de caixas leves. Apresenta características ornamentais, principalmente pela forma incomum de sua copa, pode ser empregada na arborização de ruas estreitas e no paisagismo em geral. Indicada para plantio em áreas degradadas de preservação permanente situadas em terrenos pobres e secos.

  • FONTE



         LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

DESCRIÇÃO DENDROLÓGICA - Cordia glabrata

FAMÍLIA:
Boraginaceae
NOME CIENTÍFICO:
Cordia glabrata
NOMES POPULARES:
Claraíba, louro-preto, piquana-negra, claraíbeira, louro-de-mato-grosso, peteribi, louro-branco.
  • DESCRIÇÕES CARACTERÍSTICAS DENDROLÓGICAS:

            Hábito arbóreo com altura de 8-18 m, com tronco de 30-40 cm de diâmetro, revestido por casca acinzentada com ritidoma reticulado e escamoso. Folhas simples alternas espiraladas, ovaladas a largamente elípticas, coriáceas, totalmente lisas em ambas as faces, porém verde mais clara ou prateada na face inferior e com nervuras salientes na superior. Com suas flores brancas e suavemente perfumadas, inflorescência dispostas em panículas terminais. Frutos, geralmente, drupa ou esquizocarpo, também frutos do tipo aquênio, com sépalas persistentes. Planta decídua, heliófita, seletiva xerófita, característica das formações decíduas. Fitofisionomia ou Habitat de mata ciliar, mata de galeria, mata seca, cerradão, cerrado (lato sensu).
  • UTILIDADE DA PLANTA

            A madeira é bastante decorativa e pode ser empregada na confecção de móveis em geral. A árvore é extremamente ornamental quando em flor, cobrindo-se de um branco que dura várias semanas. Recomendada para o paisagismo, principalmente para a arborização de ruas largas.
  • FONTE

         LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.

DESCRIÇÃO DENDROLÓGICA - Bixa orellana


FAMÍLIA:
Bixaceae
NOME CIENTÍFICO:
Bixa orellana
NOMES POPULARES:
urucu, urucum, colorau, açafroa, acfroeira-da-terra (Bahia)
  •   CARACTERÍSTICAS DENDROLÓGICAS:
             Hábito arbóreo, arbustivo com altura de 3-5 m, de copa baixa e densa, com tronco de 15-25 cm de diâmetro, revestido por casca com ritidoma reticulado. Com folhas simples, alternas, pecioladas, membranáceas, glabras, de 8-11 cm de comprimento, com presença de estípulas. As  flores são róseas e reunidas em inflorescências panículas terminais. 
            Os frutos são cápsulas arredondadas, com a superfície de cor vermelho-rosada ou amarelada, revestida de espinhos moles, contendo muitas sementes duras e cobertas por arilo vermelho (corante). Planta perenifólia, heliófita, pioneira, característica da floresta amazônica de várzea. Ocorre preferencialmente em solos férteis e úmidos de beira de rios. Produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis, que são disseminadas tanto pelo homem como pelos animais.
  • UTILIDADE DA PLANTA
            A madeira serve apenas para lenha, suas sementes são condimentares e tintoriais, as matérias tintoriais de cor amarela (orelina) e vermelha (bixina), são extraídas da polpa que envolve as sementes, são empregadas em culinária e na indústria alimentícia, de impressão e de tecidos.  A árvore é cultivada em muitas regiões do país para exploração de suas sementes e como planta ornamental.

  • FONTE

         LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

BIOMA PAMPA - PARTE 2 (FINAL)

VIII. Tipos fitofisionômicos  

              O Bioma Pampa, que se delimita apenas com o Bioma Mata Atlântica, é formado por quatro conjuntos principais de fitofisionomias campestres naturais:  
Planalto da Campanha: 
           Predomina o relevo suave ondulado originário do derrame basáltico com cobertura vegetal gramíneo-lenhosa estépica, podendo esta ser considerada como a área “core” do bioma no Brasil. É usado como pastagem natural e/ou manejada, mas possui, também, atividades agrícolas, principalmente o cultivo de arroz nas esparsas planícies aluviais. Apresenta disjunções de Savana Estépica típica do ambiente Chaquenho, que guarda homologia fisionômica com a Caatinga do Nordeste do Brasil (como por exemplo, na foz do rio Quaraí no extremo sudoeste do Rio Grande do Sul). 
 Depressão Central:  
           Compreende, sobretudo, terrenos da Cobertura Sedimentar Gonduânica (Bacia do Paraná) formando uma faixa semicircular sinuosa entre Porto Alegre (a leste), Santiago/Alegrete (a oeste) e Santana do Livramento/ Dom Pedrito/ Bagé (no centro sul), isolando o Planalto Sul-Rio-Grandense  na porção sudeste do Estado. Esta área é caracterizada por um campo arbustivo-herbáceo, associado à florestas de galeria degradadas que, em geral, são compostas por espécies arbóreas deciduais. Apresenta uma maior disponibilidade de umidade, motivada pela maior regularidade pluviométrica e/ou pela maior concentração de drenagem e depressões do terreno. Associadas à densa rede de drenagem formaram-se extensas planícies sedimentares aluviais, como ao longo das bacias do Jacuí, Vacacaí e Santa Maria, nas quais as formações pioneiras e florestas de galeria foram substituídas por culturas e pastagens. 
 Planalto Sul-Rio-Grandense: 
            Denominado Escudo Cristalino, bloco Pré-Cambriano  isolado entre a Planície Marino-Lacunar  (a leste) e a Depressão Central (a norte, oeste e sul) e que alcança altitudes superiores a 300/400m. Seus terrenos são mais altos, no contexto regional, e regados com maior intensidade pelas chuvas, devido à influência ma rinha. Em razão disto, a cobertura vegetal natural é mais complexa, compondo-se de Estepe Arbórea Aberta, Parque e Gramíneo-Lenhosa, com marcante presença de formações florestais estacionais semidecíduas, especialmente na face oriental próxima à Lagoa dos Patos. De modo geral, predominam Pastagens  naturais ou manejadas. 
Planície Costeira: 
               São terrenos sedimentares de origem tanto fluvial quanto marinha, ocupando a faixa oriental do Estado do Rio Grande do Sul desde a fronteira com o Uruguai até a divisa com Santa Catarina. São áreas aplainadas ou deprimidas, com solos em geral, arenosos (distróficos ou álicos) ou hidromórficos. São revestidas, principalmente, por formações pioneiras arbustivo-herbáceas, típicas de complexo lagunar onde se destacam as Lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira. De modo mais esparso, observam-se formações florestais, especialmente aquelas das terras baixas e aluviais, típicas da Floresta Ombrófila Densa. O uso da terra prevalecente é representado por pastagem natural associada à rizicultura. 

IX. Conservação do bioma 

         As paisagens naturais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas. O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. As paisagens naturais do Pampa se caracterizam pelo predomínio dos campos nativos, mas há também a presença de matas ciliares, matas de encosta, matas de pau-ferro, formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos rochosos, etc. 
              Por ser um conjunto de ecossistemas muito antigos, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não completamente descrita pela ciência. Estimativas indicam valores em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas, são mais de 450 espécies (campim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, brabas-de-bode, cabelos deporco, dentre outras). Nas áreas de campo natural, também se destacam as espécies de compostas e 
de leguminosas (150 espécies) como a babosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Nas áreas de afloramentos rochosos podem ser encontradas muitas espécies de cactáceas. Entre as várias espécies vegetais típicas do Pampa vale destacar o Algarrobo (Prosopis algorobilla) e o Nhandavaí (Acacia farnesiana) arbusto cujos remanescentes podem ser encontrados apenas no Parque Estadual do Espinilho, no município de Barra do Quaraí. 
         Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global. Também é no Pampa que fica a maior parte do aquífero Guarani. Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade econômica da região. Além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem permitido a conservação dos campos e ensejado o desenvolvimento de uma cultura mestiça singular, de caráter transnacional representada pela figura do gaúcho. 
             A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de hábitat dão conta de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa (CSR/IBAMA, 2010). 
            A perda de biodiversidade compromete o potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de espécies de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo comprometimento dos serviços ambientais proporcionados pela vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de carbono que atenua as mudanças climáticas, por exemplo. 
       Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida por unidades de conservação. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, em suas metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de cada bioma. As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”, atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2) foram consideradas de importância biológica extremamente alta. 
             Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e 0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação 
de unidades de conservação, a recuperação de áreas degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental. 
         O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.O Pampa é uma das áreas de campos temperados mais importantes do planeta. Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta. 
          O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos, entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados. A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar. 
         Em nível de conservação, apresenta o menor percentual de área protegida e um dos mais carentes em informações científicas (MMA, 2000)  
Unidades de Conservação de Proteção Integral  
  • Parque Estadual de Itapuã (5.566 ha) 
  • Parque Estadual do Camaquã (7.922 ha
  •  Parque Estadual do Delta do Jacuí (14.242 ha) 
  • Parque Estadual do Espinilho  (1.617 ha)  
  • Parque Estadual do Podocarpus (3.645 ha) 
  •  Reserva Biológica de São Donato (4.392 ha)  
  • Reserva Biológica do Ibirapuitã (351 ha)
  •  Reserva Biológica do Mato Grande (5.161 ha) 
  •  Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos ( 2.543 ha) 
  • Estação Ecológica do Taim ( 33.400 ha ) 
  • Parque Nacional da Lagoa do Peixe  ( 34.400 ha )   


Unidades de Conservação de Uso Sustentável  
  • Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande (133.456 ha)
  • Área de Proteção Ambiental Delta do Jacuí Estadual RS (22.826 ha) 
  • Área de Relevante Interesse Ecológico Pontal dos Latinos e Pontal do Santiago (2.992 ha)
  • Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã (318.000 ha) 

XI. Referências 

Campos Sulinos - conservação e uso sustentável da biodiversidade / Valério De Patta Pillar... [et al.]. Editores. – Brasília: MMA, 2009. 403 p.; il. color. ; 29 cm   
PAMPA: Diálogo florestal. Disponível em: <http://www.dialogoflorestal.org.br/biomas/pampa>Acesso em: 11 de janeiro 2014. 
BIOMA. Mochileiro descobrindo o Brasil .Disponível em:<http://mochileiro.tur.br/biomapampa.htm> Acesso em: 11 de janeiro. 
MORAES, Denise. Bioma campos sulinos. Disponível em:<http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=965&sid=2> Acesso em: 11 de janeiro 2014. 
Fundação SOS Mata Atlântica & Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. 2002. Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica: período 1995-2000. Relatório Final. IBGE. 2004. Mapa de Biomas do Brasil, primeira aproximação. Rio de Janeiro: IBGE. Acessível em www.ibge.gov.br. PLANO DE CONSERVAÇÃO DA BACIA DO ALTO PARAGUAI – PCBAP/Projeto Pantanal. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - Subcomponente Pantanal. Diagnóstico dos meios físico e biótico. Brasília: MMA/SEMAM/PNMA.
Manuais técnicos em geociências Divulga os procedimentos metodológicos utilizados nos estudos e pesquisas de geociências. © IBGE. 2012

           

BIOMA PAMPA - PARTE 1


           A denominação bioma (bio, vida; oma, proliferação) está associada à relação estabelecida entre os conceitos de ecossistemas (de uso corrente pelos biólogos) e paisagens (expressão que articula uma série de elementos temáticos e de maior abrangência conceitual para os geógrafos). Utiliza-se o conceito de bioma tanto no que se refere à classificação de grandes paisagens, quanto para designar unidades geográficas contínuas, ainda que sejam compostas por uma miríade de ecossistemas.  O Pampa, como bioma (IBGE 2004), é a reunião de formações ecológicas que se intercruzam em uma formação ecopaisagística única, com intenso tráfego de matéria, energia e vida entre os campos, matas ciliares (de galeria), capões de mato e matas de encostas, suas principais formações.  

I. Localização 

          Os Campos Sulinos, ou Pampas, abrangem regiões pastoris de planícies nos três países da América do Sul ocupando uma área de aproximadamente 750 mil km² sendo compartilhada por Brasil, Uruguai e Argentina.  O Pampa está restrito ao estado do Rio Grande do Sul, onde ocupa uma área de 176.496 km² (IBGE, 2004). Isto corresponde a 63% do território estadual e a 2,07% do território brasileiro.  

II. Clima  

        O clima do Pampa é Subtropical temperado, com temperatura média de 18°C e chuvas distribuídas ao longo do ano, caracterizado por clima chuvoso, sem período seco sistemático, mas marcado pela frequência de frentes polares e temperaturas negativas no período de inverno, que produzem uma estacionalidade fisiológica vegetal típica de clima frio seco, evidenciando intenso processo de evapotranspiração, principalmente no Planalto da Campanha. 

III. Relevo 

      O relevo nos campos sulinos é suavemente ondulado, entre 500 m e 800 m de altitude. Predominam planícies, mas podem ser encontradas algumas colinas, na região conhecidas como “coxilhas”. Além das coxilhas existem também alguns planaltos. Cavernas e grutas são comuns.  

IV. Solos 

Na região dos Pampas o solo é fértil em geral é fértil altamente rico em nutrientes. Por isso, estes campos são normalmente procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas. Ainda mais férteis são as áreas com solo do tipo “terra roxa“.  
Em áreas de planalto os solos são também avermelhados, mas não possuem a fertilidade da terra roxa. Na planície litorânea o solo é bastante arenoso. Algumas áreas dos pampas estão sofrendo processo de desertificação, devido à retirada da vegetação nativa e sua substituição por monoculturas ou pastos.  

V. Hidrografia  

       Destacam-se como rios importantes deste Bioma, o Santa Maria, o Uruguai, o Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí.    Estes e outros da região se dividem em duas bacias hidrográficas: a Costeira do Sul e a do rio da Prata. Tratam-se de rios que apresentam boas condições para navegação, constituindo verdadeiras hidrovias na região. Próximo ao litoral existem muitos lagos e lagoas.  
     A lagoa dos Patos situada no estado do Rio Grande do Sul é um exemplo, com 265 km de comprimento, 60 km de largura e 7 m de profundidade na sua quota máxima. Estendendo-se paralelamente ao Oceano Atlântico, é a maior laguna do Brasil e a segunda da América Latina. 
Principais rios do bioma: 
  • O rio Santa Maria encontra-se na fronteira sudoeste do Rio Grande do Sul e cobre seis municípios. Tem uma área de 15.739 km², correspondente à aproximadamente 5,6% da área do Rio Grande do Sul. O rio Santa Maria nasce ao nordeste do município de Dom Pedrito e tem sua foz no rio Ibicuí, desembocando no rio Uruguai. 
  • O rio Uruguai nasce na Serra Geral e se forma através da junção dos rios Canoas e Pelotas, na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Tem sua foz na bacia do Prata. Sua extensão total é de 1770 km. O rio Uruguai tem um grande potencial hidrelétrico. 
  • O rio Jacuí tem sua nascente a menos de 500 m da do rio Passo Fundo e a menos de 900 m das do rio do Peixe e Guaporé. E Deságua no delta do Jacuí, que é um conjunto de canais, ilhas e pântanos que forma o lago Guaíba. As águas então seguem para a Lagoa dos Patos e, daí, para o oceano Atlântico. O Jacuí tem grande importância por onde passa, sendo usado em irrigação e, por meio da pesca e extração de areia, serve de sustento para famílias. 
  • O rio Ibicuí é o maior afluente do rio Uruguai, tendo 290 km de extensão. É formado pela junção do Rio Ibicuí-Mirim e pelo rio Santa Maria. Vai para a Bacia Platina e, daí, ao Oceano Atlântico.O Rio se caracteriza pelas praias fluviais de areias brancas e finas. A captação de água para agricultura e pecuária, juntamente com a extração de areia, vem modificando o leito do rio. Outro problema é a poluição de suas águas por agrotóxicos. 
  •  O rio Vacacaí tem aproximadamente 330 km de extensão, nasce na Serra Babaraquá e tem sua foz no Rio Jacuí. 

VI. Fauna  

            Os campos constituem o habitat principal de uma parcela expressiva da fauna do sul do Brasil e, em especial, do Rio Grande do Sul, onde esse ecossistema ocupa uma superfície maior. 
               A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves, dentre elas a ema (Rhea americana), o perdigão (Rynchotus rufescens), a perdiz (Nothura maculosa), o quero-quero (Vanellus chilensis), o caminheiro-de-espora (Anthus correndera), o joão-de-barro (Furnarius rufus), o sabiá-do-campo (Mimus saturninus) e o pica-pau do campo (Colaptes campestres). Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus), o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita (Dasypus hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco-tucos (Ctenomys sp). O Pampa abriga um ecossistema muito rico, com muitas espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys flamarioni), o beija-flor-de-barbaazul (Heliomaster furcifer); o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas ameaçadas de extinção tais como: o veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o cervo-dopantanal (Blastocerus dichotomus), o caboclinho-de-barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o picapauzinho-chorão (Picoides mixtus) (Brasil, 2003). 
Seres vivos ameaçados de extinção: 
           As principais espécies ameaçadas de extinção são exemplificadas por inúmeros animais, como: a onça-pintada, a jaguatirica, o mono-carvoeiro, o macaco-prego, o guariba, o mico-leão-dourado, vários sagüis, a preguiça-de-coleira, o caxinguelê, o tamanduá. 
            Entre as aves destacam-se o jacu, o macuco, a jacutinga, o tiê-sangue, a araponga, o sanhaço, numerosos beija-flores, tucanos, saíras e gaturamos. 
Entre os mamíferos, 39% também são endêmicos, o mesmo ocorrendo com a maioria das borboletas, dos répteis, dos anfíbios e das aves nativas. Nela sobrevivem mais de 20 espécies de primatas, a maior parte delas endêmicas. 
            Um dos animais ameaçados de extinção está o Gato dos Pampas (Felis colocolo) que mede 85 cm, sendo 25 cm de calda. O habitat dele se estende desde o Sul da Patagônia, por quase toda a Argentina, Chile, peru e Equador. No Brasil atinge o Estado de Mato grosso do Sul, onde é encontrado em todo “chapadão”. 
         Os Campos Sulinos sustentam uma fauna própria e com grande diversidade de espécies e modos de vida. Esses ecossistemas também são singularmente importantes como hábitats de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção em distintas escalas geográficas. Atributos como esses conferem grande valor biológico às formações campestres do sul do Brasil e as tornam merecedoras de esforços de conservação. A erosão desse patrimônio biológico, por outro lado, representa uma perda significativa em termos de recursos genéticos, ambientais, econômicos, recreacionais e culturais. Mais do que conservar somente espécies, porém, é preciso reconhecer a conexão existente entre a diversidade biológica e o funcionamento dos ecossistemas campestres, preservando também os processos evolutivos e ecológicos responsáveis pela organização e pela diversidade estrutural dos campos. Diversas espécies da fauna campestre  do sul brasileiro guardam complexas e ainda quase completamente desconhecidas relações de dependência com fatores bióticos e abióticos do meio onde vivem. Compreender melhor essas relações é essencial para a conservação da fauna associada aos Campos Sulinos. 

VII. Vegetação 

           Os recursos naturais são importantes na manutenção dos seres vivos, através dos alimentos, matérias primas e minerais, além dos serviços ecológicos prestados à manutenção da vida no planeta. Dentre os recursos naturais renováveis estão incluídos a fauna e a flora, os quais constituem os fatores bióticos, e estão associados aos fatores abióticos como o solo e a água entre outros. O solo, a água, o ar, a fauna e a flora são diretamente afetados pela atividade humana, ou seja, a exploração inadequada destes recursos pode torná-los não renováveis. O solo degradado, a água quando contaminada por resíduos químicos e a emissão de CO2 no ar em excesso são de difícil recuperação. A flora e a fauna se não forem bem manejadas estão sujeitas à extinção. O conhecimento pelo homem dos recursos naturais e do seu funcionamento é que vai definir a utilização racional dos mesmos. O desafio está em usar estes recursos de uma maneira sustentável e conservacionista. 
         A vegetação é predominantemente campestre. A flora do bioma é caracterizada por uma vegetação composta por gramíneas, plantas rasteiras, arbustos e herbáceas, enquanto que as formações florestais restringem-se principalmente às margens dos rios. A biodiversidade dos Campos tem sido foco de estudos recentes. Somente no Rio Grande do Sul há em torno de 3000 espécies de plantas – um valor elevado se considerados os ecossistemas campestres do mundo e a área proporcionalmente ocupada no Estado. Destas mais de 213 são consideradas ameaçadas.  
           Apresentando notável diversidade de gramíneas, são mais de 450 espécies (capim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, barbas-de-bode, cabelos de porco, dentre outras). Nas áreas de campo natural, também se destacam as espécies de leguminosas (150 espécies) como a babosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Nas áreas de afloramentos rochosos podem ser encontradas muitas espécies de cactáceas. Entre as várias espécies vegetais típicas do Pampa vale destacar o Algarrobo, Nhandavaí, Louro-Pardo, Cedro, Cabreúva, Canjerana, Guajuvira, Guatambu, Grápia, Canafístula, Pau-De-Leite, Unha-De-Gato, Bracatinga, Angico-Vermelho, Caroba, Timbaúva, Araucárias, Palmeira Anã, entre outras. 

            Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a vegetação do Bioma Pampa pode ser dividida em: 
  •  Estepe 

              Os Pampas são  exemplos de estepes neotropicais, áreas de relevo plano ou suave ondulado, recobertas por vegetação herbácea contínua . O domínio da Estepe estende-se por dois amplos e distintos ambientes:  

a) Planalto das Araucárias:  clima pluvial subtropical sem período seco e coexiste com a Floresta Ombrófila Mista (com araucária), cujas espécies vão constituir-lhe capões e florestas de galeria. Por influência, principalmente, da altitude, suporta período frio (temperatura média mensal menor ou igual a 15° C) anual mais pronunciado, de até oito meses; enquanto o período quente (temperatura média mensal menor ou igual a 20° C) é reduzido ou ausente; 

 b) Superfícies meridionais gaúchas do Planalto rio-grandense-do-sul, do Planalto da Campanha e da Depressão Central:Nas superfícies meridionais gaúchas referidas acima, a Estepe conserva certa identidade pluviométrica com o Planalto das Araucárias, pois não apresenta período seco. No entanto, é submetida a maior amplitude térmica e batida mais frequentemente por frentes polares mais frias e dessecantes, o que intensifica a evapotranspiração e consequente ação do inverno, provocando secas ocasionais mais severas, que podem limitar as atividades vegetativas tanto das espécies nativas quanto das cultivadas. Em consequência, sua flora escassa arbórea é típica da Floresta Estacional Decidual. A ausência de período seco foi determinada na época do mapeamento com base no método das curvas ombrotérmicas de Bagnouls e Gaussen (1957) e Walter (1973), pelo qual são correlacionadas as médias mensais de pluviosidade e temperatura relativas aos últimos dez anos de observação das estações meteorológicas. As aqui chamadas Estepes brasileiras estão submetidas a intenso processo de antropização, principalmente pela criação extensiva de gado aliada ao uso do fogo, fatores que condicionam sua estrutura e composição florística atuais. Em décadas mais recentes, intensificou-se a pressão antrópica sobre a Estepe em consequência da ampliação da área produtora de grãos, especialmente de soja, que contribuiu para dizimar também a grande maioria das formações florestais da Região Sul do País. São reconhecidas três formações da Estepe brasileira, distribuídas no Planalto

  • Savana Estépica  

              Fisionomia tropical na qual árvores, arbustos e ervas estão presentes de forma relevante, sem uma clara dominância fisionômica das árvores. 
  •  Floresta Estacional Semidecídua 

           O conceito ecológico deste tipo florestal é estabelecido em função da ocorrência de clima estacional que determina a  semideciduidade da folhagem da cobertura florestal. Na zona subtropical  que é o  caso  dos pampas , correlaciona-se a clima sem período seco, porém com inverno bastante frio (temperaturas médias mensais inferiores a 15° C), que determina repouso fisiológico e queda parcial da folhagem. Já nas áreas subtropicais, é composta por macrofanerófitos que recobrem solos basálticos eutróficos . 
  • Floresta Estacional Decidual  

             Ocorre na forma de disjunções distribuídas por diferentes quadrantes do País, com estrato superior formado de macro e mesofanerófítos predominantemente caducifólios, com mais de 50% dos indivíduos despidos de folhagem no período desfavorável. Compreende no sul na área subtropical, no vale do Rio Uruguai, entre a Floresta Ombrófila Mista (Floresta-de-Araucária) do Planalto Meridional e a Estepe (Campos Gaúchos).,Apresentando uma estação na zona subtropical, sem período seco, porém com inverno frio (temperaturas médias mensais menores ou iguais a 15o C, que determina repouso fisiológico e queda parcial da folhagem). Enquadram-se neste último caso as florestas da borda do Planalto Meridional, do Estado do Rio Grande do Sul, uma disjunção que apresenta o estrato florestal superior dominantemente decíduo. 
  • Formações Pioneiras  

            Ao longo do litoral, bem como nas planícies fluviais e mesmo ao redor das depressões aluviais (pântanos, lagunas e lagoas), há frequentemente terrenos instáveis cobertos por uma vegetação, em constante sucessão, de terófitos, criptófitos (geófitos e/ou hidrófitos), hemicriptófitos, caméfitos e nanofanerófitos. Trata-se de uma vegetação de primeira ocupação de caráter edáfico, que ocupa terrenos rejuvenescidos pelas seguidas deposições de areias marinhas nas praias e restingas, as aluviões fluviomarinhas nas embocaduras dos rios e os solos ribeirinhos aluviais e lacustres.  
  • Floresta Estacional 

               Formação associada a sazonalidade com estações secas e chuvosas bem definidas.  A vegetação campestre apresenta uma alta diversidade de espécies e de ecossistemas e está em plena harmonia com o ambiente, ou seja, é adaptada aos diferentes locais. As plantas que ali habitam apresentam na sua fisiologia e morfologia características peculiares capazes de suportar os estresses do ambiente. É A substituição dos campos por lavouras para produção de grãos ou para obtenção de celulose está conduzindo à descaracterização da paisagem, desta grande unidade de paisagem natural, juntamente com a perda da cultura e da figura do gaúcho.  A aplicação de herbicidas sobre a vegetação campestre para introdução de espécies forrageiras cultivadas, o manejo inadequado dos mesmos com alta carga animal, levando ao sobre pastejo, o qual seleciona espécies adaptadas ao mesmo e o uso sistematizado do fogo é também responsável pela destruição deste ecossistema natural, além de toda implicação com a fauna e o solo.